terça-feira, 13 de dezembro de 2011

FESTIVAL BRASILEIRO DE TEATRO DE TERREIRO


Dos dias 13 a 18 de dezembro o teatro popular invade a sala Plínio Marcos da Funarte. Idealizado pelo ponto de cultura Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, a primeira edição do Festival Brasileiro de Teatro de Terreiro reunirá dança, teatro, brincantes, além de rodas de conversa que discutirão a atuação do ator brincante no cenário contemporâneo do teatro brasileiro. O total de sete espetáculos fazem parte da programação, entre eles Antonio Nóbrega, Pedro Salustiano, Cia. Mundo Rodá de Teatro Físico e Dança, Cavalo Marinho Boi Pintado, Mestre Zé Divina e dos grupos convidados reconhecidos nacional e internacionalmente Grupo Galpão e Lume.
“Mostrar esse recorte da arte que trata dos terreiros, que é um patrimônio imaterial é algo providencial. Temos de fazer com que o Brasil conheça o Brasil e suas nuances, essas manifestações de terreiro tem forte atuação cultural pela arte que produz”, afirma a Coordenadora de Difusão Cultural da Funarte Brasília, Débora Aquino. A coordenadora explica que o Festival faz parte do edital de Ocupação das salas Plínio Marcos e Cássia Eller da Funarte. “A pontuação e aprovação dos projetos foi de acordo com a diversidade que as apresentações traziam. Tivemos, neste ano, eventos voltados para o publico infantil, dança, e agora fecharemos 2011 com o Festival que trás essa pluralidade da cultura popular”.
Com apresentações, enredos, técnicas, ritmos e mitos que relatam historias do cotidiano brasileiro, o teatro popular tem uma identidade própria que foge aos padrões do formato tradicional do teatro europeu, como explica o Coordenado do grupo Seu Estrelo e o Fuá de Terreiro, Tico Magalhães. “Essa tradição é completamente brasileira, é como Mestre Salustiano definia a brincadeira do Cavalo Marinho, uma tradição feita nos quintais dos mestres de cultura do Brasil, que com criatividade, ensinam e mantêm viva a nossa cultura”, explica.
Do terreiro aos palcos
O grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro nasceu há oito anos em Brasília, e tem como objetivo levar ao público elementos da cidade que tomaram forma com O Mito do Calango Voador. Escrito por Magalhães, a narrativa aborda temas como a constrição da capital e é continuamente adaptada de acordo com os novos acontecimentos da cidade. “Eu vim de Recife, quando cheguei aqui fiquei espantado em ver como a cidade é diferente. Percebi a necessidade de uma história que acontecesse aqui, para falar de Brasília e das coisas que acontecem aqui, explicamos muita coisa desse mundo no mito”, conta.
As apresentações de Seu Estrelo sempre foram realizadas nas ruas de Brasília e outras cidades brasileiras durante viagens, ou na sede do grupo localizada na capital. O Festival abre uma nova etapa na historia do ponto de cultura, sendo a primeira vez em que este sobe aos palcos.”Dá um frio na barriga, o teatro exige uma concentração enorme, é silencioso”, comenta Magalhães.
A diretora do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB), Izabela Brochado explica que a interação com o público é o principal fator que diferencia a experiência do teatro de terreiro nos palcos. “No terreiro, há uma interação horizontal com o público, a brincadeira é coletiva. No teatro é diferente, a experiência de interação é mais mental do que física, o publico observa os artistas que estão ali para mostrar suas habilidades. Acho que as duas formas são válidas”, explica.
A tradição contemporânea
Representada por manifestações como a dança, lendas, mitos, festas, música e ritmos, a tradição da cultura popular é transmitida e difundida geração após geração na historia do Brasil. Para discutir as formas de adaptação e relação dessa cultura com a contemporaneidade, o festival propõe um debate que contará com a presença de estudiosos, grupos e mestres da cultura brasileira.
Izabela Brochado participará das discussão e afirma que ponte entre tradição e modernidade é o próprio ator brincante da cultura tradicional. ”As tradições não são fáceis de serem aprendidas, existe uma estrutura de temas e apresentações que são transmitidas pelos conhecimentos dos mestres de cultura. O artista vivencia isso e mistura esses aprendizados com as linguagens de hoje”. Segundo ela, a honestidade é o fator principal do trabalho do artista, que não deve ser realizado por moda ou imitação. “Se esse artista não é sensibilizado por essas formas, a apresentação não te toca, não te move e se transforma em uma caricatura”, conclui.
“Nossa expectativa é fazer uma troca de experiências, mostrar o que o teatro popular pode oferecer e mostrar que a tradição, ao contrario do que muitas pessoas pensam, não é algo que carrega o peso do passado, pois ela só é tradição porque esta ligada ao presente, a tradição é a base do presente”, acrescenta Magalhães.

Festival Brasileiro de Teatro de Terreiro

Data: De 13 a 18 de dezembro
Local: Eixo Monumental Setor de Divulgação Cultural – lote 2 – Funarte Brasília
Entrada franca
Programação:
Espetáculos na sala Plínio Marcos
TERÇA-FEIRA, 13/12
21h Teatro Galpão (MG) – Tio Vânia
QUARTA-FEIRA, 14/12
21h Antônio Nóbrega (PE) – Mátria

QUINTA-FEIRA
, 15/12
21h Mundu Rodá (SP) – Donzela Guerreira
SEXTA-FEIRA, 16/12
20h Pedro Salustiano – Samba no Canavial
21h Cavalo Marinho Boi Pintado
SÁBADO, 17/12
20h Mamulengo Zé Divina
21h Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro
DOMINGO, 18/12
20h Lume (SP) – Café com Queijo
Debate na sala Cássia Eller
SÁBADO, 17/12
15h – CONVERSA SOLTA: o Teatro Popular e o seus Modernos Brincantes
Participantes:
Antonio Edson – Teatro Galpão
Chico Simões – Mamulengo Presepada
Izabela Brochado – Dir. do Instiuto de Artes da UnB
Jessér de Souza – Lume Teatro
Juliana Pardo – Mundu Rodá
Manoelzinho Salustiano – Maracatu Piaba de Ouro
Tico Magalhães – Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro
Mediadora: Joana Abreu – Atriz e Pesquisadora de Teatro e Culturas Populares

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