Museu Nacional, Brasília
Abertura: 17 de maio de 2011, às 19h
Visitação: 18 de maio a 26 de junho de 2011
O Museu Casa do Pontal, do Rio de Janeiro, e o Museu Nacional de Brasília apresentam a partir de 17 de maio para convidados e do dia seguinte para o público a exposição “O Brasil na Arte Popular – Acervo Museu Casa do Pontal”, com 1.500 obras de 70 artistas populares, a maior do gênero já realizada no país. A exposição é patrocinada pelo BNDES e o Museu Casa do Pontal com o patrocínio institucional da Vale e da Petrobras, além do Ministério da Cultura. Com curadoria de Angela Mascelani – diretora do Museu Casa do Pontal – a exposição reúne obras da coleção iniciada há mais de 50 anos pelo designer francês Jacques Van de Beuque. Ele foi um incansável e apaixonado pesquisador da arte popular, não medindo esforços para descobrir artistas país afora, dos quais se tornou amigo. Foram centenas as viagens que fez pelo interior, formando assim o maior e mais expressivo acervo do gênero. A mostra faz homenagem ao Mestre Vitalino, um dos mais importantes expoentes da arte popular brasileira, que faria 102 anos no período da exposição, e também ao ex-Vice Presidente José de Alencar, falecido recentemente, e um entusiasta do Museu Casa do Pontal.
A mostra ocupará todo o Museu Nacional de Brasília com uma bem-cuidada montagem, que tem design de Evelyn Grumach, para que o público possa admirar a excelência da arte popular produzida no país. Logo na entrada, um painel azul com 20 metros de extensão terá barcos suspensos, em alusão ao Rio São Francisco, importante eixo na produção da arte popular, com suas carrancas e mitos, que atravessa cinco estados – Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. A partir daí, o espectador vai percorrer a mostra em um roteiro que recria as viagens de Van de Beuque em busca dos trabalhos de sua coleção.
Por outros rios, a exposição chega ao Vale do Jequitinhonha, onde antigas paneleiras dão asas à imaginação e transformam potes e moringas em bonecas, em mães amamentando, em noivas altivas e solenes.
Por terra, a exposição vai ao Alto do Moura, em Caruaru, Pernambuco, com Mestre Vitalino e sua famosa escola de bonecos de cerâmica. Em seu aspecto religioso, a exposição O Brasil na Arte Popular apresenta as festas religiosas católicas de Juazeiro do Norte, do Ceará; a umbanda do Rio de Janeiro e o candomblé da Bahia. Estarão representados na exposição também os subúrbios cariocas, os jogos de adultos praticados nas ruas e praças e a efervescência do carnaval no Sambódromo. Um sambódromo especial, no qual os camarotes são criticamente ocupados de maneira igualitária: por gente fina, pelos turistas e pelo povo.
Lampião-sereia. Artista: Manuel Galdino. Região: Alto do Moura/Caruaru, PE. Foto: Aníbal Sciarretta
Um imenso “Sinaleiro de Vento”, feito por Laurentino, do Paraná, recebe o visitante como a dizer: “Pra onde soprar o vento eu vou”. A riquíssima produção de arte popular está organizada na exposição a partir de ilhas temáticas. “Vitrine de Terra” indica a entrada pelos caminhos da cerâmica e da arte do Vale do Jequitinhonha. A seguir, a “Arte Incomum e Visionária”, com bichos que dançam e tomam emprestadas feições humanas; com mandalas de formas rigorosas, que falam da vida como um círculo sem fim. Seguindo o grande painel fotográfico de Mestre Vitalino, o visitante é conduzido à “História da Arte Popular”. Avançando pelo “Cangaço” pode-se conhecer a espetacular obra “Lampião Sereia”, onde o artista Manuel Galdino funde os princípios masculinos e femininos dizendo que “se Lampião tivesse conhecido o mar teria abrandado sua natureza violenta”. Daí segue-se para o “Ciclo da Vida”, que se impõe com a naturalidade do que é comum a todos nós: são obras que celebram os nascimentos e a infância com suas brincadeiras. Os namoros, a prosa nas feiras, as músicas, os casamentos com suas vestes sedutoras. As danças, a solidariedade na hora do parto e na hora da morte. Num setor em separado, a religiosidade sincrética do brasileiro mostra-se com sua comovedora força.
NÚCLEOS CERÂMICOS
Angela Mascelani montou a exposição destacando, em alguns casos, o artista individual, com seu pensamento, sua criação formal e soluções plásticas encontradas. Em outros, a ênfase está posta na coletividade, com suas marcas comuns, caso do Alto do Moura, Vale do Jequitinhonha, certas áreas do Cariri e Vale do Paraíba.
Estarão em exibição obras de artistas de núcleos cerâmicos conhecidos e de outros, isolados. Destacam-se a presença de Mestre Vitalino e as primeiras obras feitas por ele, ainda na década de 1940. Seu cunhado Zé Caboclo, cuja obra inspirou o escritor e prêmio Nobel de Literatura José Saramago a escrever o livro “A Caverna”, também estará presente junto com o artista Manoel Eudócio. Do Vale do Jequitinhonha destacam-se Dona Isabel Mendes da Cunha e Noemisa Batista. Do sul de Minas Gerais, estarão presentes GTO (Geraldo Telles de Oliveira) e o fantástico e incansável Antônio de Oliveira, que criou seu “mundo encantado”, composto por mais de três mil esculturas. Da região do Cariri, no Ceará, a exposição seleciona Nino e suas toras entalhadas de maneira vigorosa e sintética. De Santa Catarina, um presépio de Zequinha, de São José, mostra a importância do Sul. O Brasil na Arte Popular mostra também a arte visionária de Manuel Galdino, Nhô Caboclo, Ulisses e Dadinho, além das diversas manifestações festivas e religiosas – Carnaval, Bumba- meu-boi, Boi de mamão, Cavalo Marinho, Maracatu, Cavalhada, Folia de Reis, Calango, Pau- de-fitas etc.
Roda de bumba-meu-boi. Artista: Nhozim. Região: São Luiz, MA. Foto: Rômulo Fialdini
Serviço: “O Brasil na Arte Popular – Acervo Museu Casa do Pontal”
Abertura: 17 de maio de 2011, às 19h
Visitação: 18 de maio a 26 de junho de 2011
Curadoria: Angela Mascelani
Museu Nacional de Brasília
Esplanada dos Ministérios
Setor Cultural Sul
Telefone: (61) 3325.6410
Terça a domingo, das 9h às 18h30
Entrada franca
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